Por Vincent Toulotte

A viagem, de lazer especialmente, encarna o legítimo e humano desejo de desvendar mistérios, de desbravar horizontes e de ser feliz respeitando e admirando as diferenças. Riqueza que permeia as nações e alicerça a beleza de culturas distintas e complementares. Todas elas essenciais para o enriquecimento do espírito humano. O planeta Terra reserva encantos por todos os continentes, que ecoam além-mar, além-pátria, além-raça, além-credo ou religião, muito além das fronteiras.

Viajar é um direito, especialmente num mundo que se globaliza. No entanto, a possibilidade de um conflito se opõe ao pleno exercício do ir-e-vir e prejudica a atividade turística e seu desenvolvimento.

Mas, conscientes dessa triste realidade que impõe adversidades indesejáveis, os turistas brasileiros e estrangeiros buscam e encontram respostas nas fontes mais qualificadas de apoio, de informação e de orientação profissional. Em todo o mundo, os agentes de viagens renovam a sua importância como o alicerce fundamental para toda a cadeia produtiva.

Modernamente posicionados como consultores especializados e muito mais do que profissionais altamente capacitados para atuar como o principal canal de distribuição e promoção dos produtos, dos serviços e dos destinos turísticos, tanto os domésticos como os internacionais, são os agentes de viagem que ganham força e atuam como agentes da paz.

Quem sabe um dia, o direito de viajar seja definitivamente incorporado à prática coletiva, como dever de conhecimento, em respeito ao semelhante. Com isso, quem está habituado a transformar sonho em realidade, poderá comemorar a conquista de um objetivo maior. E a importância de ser tolerante, universal, de compartilhar culturas será, enfim, compreendida como um investimento pessoal, profissional, nacional e de interesse comum.

Essa indústria sem chaminés, que é o turismo, produz riquezas 24 horas, diariamente, sem descanso e com uma injeção extra de ânimo nos feriados e nos fins de semana, sonha com um intercâmbio de conhecimento e tecnologia colocados a serviço da vida. Que assim seja e que todos nós, brasileiros e estrangeiros, saibamos identificar e preservar a essência do turismo, reconhecido e valorizado como um legado inalienável da civilização.

Em meio à atual turbulência internacional, o Brasil acaba de realizar mais uma vez a maior festa popular do planeta, o carnaval. Feriado propício para comemorarmos e fazermos ecoar aos quatro ventos e em todos os idiomas a força da união que integra diferenças sociais em nome da harmonia e da liberdade de expressão. Mais uma oportunidade para nós europeus compartilharmos a alegria dos brasileiros, que tanto enriquecem o Velho Continente com suas visitas, sempre marcadas pela simpatia e pela felicidade, características admiradas nos quatro cantos do planeta.

A questão colocada à reflexão de todos, portanto, é como subtrair a lógica da insensatez em favor da consagração universal que desfilou vitoriosa no Carnaval 2003.

Em nome daqueles que em 2002 contribuíram para a conquista de um recorde mundial - mais de 700 milhões de chegadas internacionais, um total de viagens 3,1% maior do que em 2001 -, reafirmamos o nosso compromisso para a solidificação da paz mundial.

Vincent Toulotte é presidente da Comissão Européia de Turismol (CET) para a América Latina e diretor da Maison de la France para o Brasil