O receptivo internacional foi o tema de um dos seminários proferidos dia 25 de outubro no 31º Congresso da ABAV, que aconteceu concomitantemente com a Feira das Américas, no Riocentro. A platéia cheia demonstrava o quanto o assunto desperta o interesse dos agentes de viagens. O diretor da operadora Havas Creative Tours, Francisco Havas, priorizou dois pontos fundamentais para que a área se desenvolva: investimentos em infra-estrutura e divulgação em meios de comunicação de massa no exterior.
Após listar uma série de investimentos que precisam ser feitos em infra-estrutura para viabilizar a captação e a recepção de turistas internacionais e que esferas do poder público e privado devem se responsabilizar por cada segmento, Havas citou como exemplo o Ceará, que há 20 anos uniu o setor público e privado visando o desenvolvimento do potencial turístico local e hoje colhe os frutos – há investimentos oriundos de Portugal, Itália e França.
“Dois bons exemplos para exemplificar o que representa a carência de infra-estrutura são a Serra da Capivara e os Lençóis Maranhenses. Ambos são destinos maravilhosos e que têm um grande potencial para atrair o turista estrangeiro, mas hoje não dispõem da mínima infra-estrutura para recebê-los”, disse.
Havas também destacou que é preciso fazer com que o turista conheça o Brasil e tenha vontade de vir para cá, o que só será possível se houver um grande investimento em divulgação nos jornais e TVs internacionais. “Enquanto o turista não conhecer o Brasil, não adiantará realizar workshops e treinamentos de agentes de viagens, como se faz hoje. Temos que fazer com que o turista sonhe em vir para o Brasil, e isso só será possível se o alcançarmos dentro da sua casa, através do jornal que ele lê, da TV que ele assiste”, completou Havas.
Segundo o operador, a OMT recomenda que se aplique 2% da receita aferida pelo destino com o turismo em divulgação do mesmo. “Se o governo seguisse essa regra, teríamos US$ 80 milhões para a divulgação – o que ainda não seria muito se comparado com o que investem outros países. No entanto, os investimentos feitos pelo Brasil não chegam nem a US$ 5 milhões”, lamenta.
Concluindo sua apresentação, Francisco Havas apontou a crise das companhias aéreas como um dos maiores problemas enfrentados hoje pelo setor. “Perguntei a um turista que passou por vários estados brasileiros o que ele mais gostou e ele me respondeu que gostou de tudo, mas o que ele mais viu foi o Aeroporto de Guarulhos. É urgente que se tragam mais vôos para o Rio e que se retomem as conexões entre os estados”, finalizou.
Lourdes Fellini, da operadora gaúcha Fellini Turismo, concluiu chamando a atenção para a importância do trabalho dos operadores na integração e distribuição dos roteiros e também lamentou a pouquíssima divulgação internacional: “Não há o conhecimento das maravilhas do nosso país lá fora. Para o turista internacional, infelizmente, o Brasil termina em Foz do Iguaçu”.
O diretor de receptivo da ABAV Nacional, Ney Gonçalves, presidiu a mesa, que foi secretariada pela vice-presidente da ABAV/RJ, Vera Potter. |