Quem não come carne tem menos risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Essa foi a conclusão da Tese de Doutorado do cardiologista Júlio César Acosta Navarro, defendida no dia 12 de novembro, no Instituto do Coração de São Paulo (Incor). Estudando um grupo de pessoas da capital paulista, o cardiologista identificou diferenças entre fatores de risco, doenças associadas e estilo de vida de 136 voluntários. Destes, 65 eram vegetarianos (não consomem carne), 30, semivegetarianos (consomem carne de uma a três vezes por semana) e 41, onÃvoros (consomem carne diariamente).
Com as análises, Navarro pôde destacar bons resultados em dietas vegetarianas. De todas as pessoas estudadas, com idade de 20 a 55 anos, os vegetarianos apresentaram menos risco com relação a doenças do coração. “Outros profissionais de saúde podem difundir que essa alimentação é benéficaâ€, diz o médico, com a ressalva de que ainda há muito estudo pela frente para a dieta ser indicada como fator comprovado de prevenção no caso de doenças cardiovasculares. “Não existe radicalismo. Esse estudo mostra que a dieta vegetariana é aconselhávelâ€, completa.
O diretor do Incor, Bruno Caramelli, e orientador de Navarro, diz que o próximo passo do estudo é observar que caracterÃsticas da dieta vegetariana colaboram para as pessoas estarem menos expostas a riscos de doenças coronárias e do gênero. “Agora, temos de analisar os subgrupos de vegetarianosâ€, explica Caramelli, referindo-se aos diferentes tipos de alimentação entre pessoas que não comem carne.
Selo nutriVeg - Um dos colaboradores do estudo, responsável pela coordenação da investigação nutricional, é o nutricionista especializado em dietas vegetarianas, George Guimarães. Ele criou o Selo nutriVeg, que identifica pratos vegetarianos nos cardápios dos restaurantes paulistas. A tese de Navarro está diretamente ligada ao público alvo do selo. “Ele [selo] nasce da demanda por pratos vegetarianos e da dificuldade em identificá-los nos cardápios dos restaurantesâ€, diz Guimarães.
Além do aumento no número de pessoas que optam pelas dietas vegetarianas no Brasil, a visita de turistas estrangeiros é também um fator de estÃmulo para a adoção do Selo nutriVeg no cardápio dos restaurantes. Durante o ano todo, São Paulo, que é uma das cidades que mais recebe turistas estrangeiros no PaÃs, registra o ingresso de 1 milhão e meio de visitantes, sendo que 10% dos americanos e 10% dos europeus são vegetarianos.
E ainda, numa pesquisa realizada há um ano em São Paulo, 91% dos entrevistados disseram que todo restaurante deveria ter pelo menos um prato vegetariano em seu cardápio, 33% têm dificuldade em identificar pratos vegetarianos nos restaurantes e 95% aprovaram a idéia de um selo para identificá-los.
“Nosso estudo cientÃfico indica que as dietas vegetarianas trazem resultados positivos para a saúde daqueles que a adotam, e o Selo nutriVeg vem para estimular o consumo destes alimentos, além de dar conforto e segurança aos adeptos. Quando os restaurantes oferecem a seus clientes pratos com o Selo nutriVeg, estão oferecendo uma opção saudável facilmente identificadaâ€, conclui o nutricionista vegetariano. |