Vadis Luiz da Silva*
Durante os últimos dias vi e ouvi muitos comentários de pessoas que de alguma forma se sentem parte do turismo nacional.
Pessoalmente e através das redes sociais pude constatar opiniões em unÃssimo coro por quem está de saÃda e em total desafino pelo que acaba de chegar ao comando do Ministério do Turismo.
Contudo, acredito que esta nova dança de cadeiras no setor provoca uma rica oportunidade de reflexão, que pode contribuir para um amadurecimento e fortalecimento de toda a atividade econômica.
Qualquer que seja a mudança, penso que sempre será válida.
Veja:
1) O setor ainda não se dá conta por completo que já é responsável pela oferta de mais de 4 milhões de postos de trabalhos e por mais de 3,7% das riquezas representadas no PIB nacional. Diga-se de passagem, geramos mais divisas do que os setores de exportação de frangos, café ou aviões, ficando logo atrás da indústria automobilÃstica.
2) Com o advento do Ministério do Turismo, o setor passou a oficialmente existir na constelação de comando das polÃticas nacionais, colocando o setor em uma nova e desafiante correlação de forças na República.
Olhando apenas e rapidamente sobre estes dois aspectos, a elevação do turismo a este novo patamar exige que o setor tenha e assuma uma nova postura nesta relação de forças em vista à s definições e prioridades das polÃticas setoriais nacionais, sem o qual pode ficar alijado do processo.
Esta não é a hora de se apequenar. É a hora de pensar grande!
O setor precisa entrar neste campo de batalha com "armas" adequadas, iguais ou ainda melhores do que as das outras partes do conjunto de poder para não perder a "batalha" ou até mesmo a "guerra".
Afiro isso: de nada adianta o setor ter um comandante altamente técnico e sem a devida expressão e força polÃtica que deve ser inerente à pessoa. Pouco adianta um QI forte, ELE PRECISA SER FORTE! Isto não é desmerecedor, são sim atributos mÃnimos, pois precisamos ser pragmáticos: necessitamos de resultados já no curto prazo e, na grande maioria deles, desafiadores.
Por isso, o setor precisa ter habilidade e maturidade suficiente para buscar o melhor "quadro", o "CEO" que tem o melhor perfil para a posição que precisa ocupar para representá-lo. E, as principais caracterÃsticas para ocupar esta posição são experiência, habilidade e força polÃtica, networking no centro do poder e uma forte dose de coragem para levar o setor a conquistas num campo totalmente adverso e minado que é o da polÃtica, principalmente a de um governo em crise.
Sob esta ótica, aponto aqui dois bons exemplos dos últimos 16 anos: José Serra, economista, foi o melhor ministro da história do Ministério da Saúde. Até onde sei, ele desmaia se ver sangue. E, Walfrido dos Mares Guia, empresário da educação, o melhor ministro do Turismo nesta tenra idade do setor.
Por que se destacaram? Porque os dois preencheram todos os pré-requisitos pessoais exigidos para o comando de uma pasta ministerial.
Em que pese termos excepcionais acadêmicos, profissionais e empreendedores vibrantes em todos os segmentos que compõem esta nossa cadeia econômica, infelizmente nosso jovem setor ainda não foi capaz de oferecer, dentro de seus quadros, alguém com este perfil.
Fica o desafio. O de criar lÃderes com este perfil e uma base legislativa ativa eleita pelo setor. Está na hora de pensarmos nisso! Não dá para deixar de lembrar: nenhum dos 503 deputados e 81 senadores foi eleito com apoio do setor.
Por isso, levando-se em conta currÃculo e caracterÃsticas pessoais, vejo com muita esperança que o novo ministro possa colocar o TURISMO em outro patamar na correlação de forças do poder dentro governo federal como ninguém fez até agora.
Obrigado para quem sai. Seja bem-vindo quem está chegando.
O tempo urge. Vamos que vamos....
Ah... é bom que se diga, não sou filiado a partido algum.
Meu negócio é Turismo!
* Vadis Luiz da Silva é sócio-fundador da Gestour Brasil |