Uma declaração de Michael O’Leary, presidente-executivo da Ryanair, companhia aérea irlandesa low cost, indica o novo momento pelo qual vem passando o setor de viagens e turismo. O dirigente afirmou, durante a terceira edição do Congresso Mundial de Empresas Aéreas de Baixo Custo, que a empresa, líder do segmento na Europa, passará a trabalhar em conjunto com as agências de viagens, mostrando-se disposta a agilizar o processo que envolve a reserva e a venda de bilhetes.

Depois de inspirar a venda direta e implantar, em 2008, uma tecnologia antiagências de viagens online, responsável por impedir o acesso às informações referentes a voos e tarifas praticadas pela empresa, a iniciativa da Ryanair simboliza o “efeito sanfona” vivenciado pelo trade turístico, marcado pela aproximação e pelo distanciamento constantes entre companhias aéreas e agências de viagens.

“A atitude da Ryanair é louvável e, por si só, renova a importância das agências de viagens sob a ótica dos fornecedores. O momento é de aproximação e valorização do papel desempenhado pelo agente”, afirma Antonio Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV Nacional), que tem acompanhado de perto o desenrolar da aprovação do Projeto de Lei 5.120/2001, o qual determina a regulamentação da atividade das agências de viagens no Brasil.

A quebra de paradigma protagonizada pela Ryanair reforça a importância crescente da consultoria de viagens,incentivada pela ABAV desde o final da década de 1980 e apontada como tendência entre os consumidores mais jovens, apesar da familiaridade com a tecnologia e as compras online, conforme pesquisa divulgada no ano passado pela Associação das Agências de Viagens da Inglaterra (ABTA).