Comentando com minhas irmãs, Maetê Nogueira da Silva Diniz Neves e Anaà Nogueira da Silva Diniz, sobre um sonho que tivera com nossa avó, Fátima Proença Nogueira da Silva, já falecida, começamos a relembrar as histórias que ela nos contava e a ligação especial que ela manteve com o pai, Antonio Firmino de Proença.
Quando meus avós vinham de Poços de Caldas passear em São Paulo, ficavam hospedados na casa de meus pais, Zeyneb Proença Nogueira da Silva Diniz (Bibi) e Tapajós Sepé Diniz. Era uma festa! Passávamos horas conversando... Vovó gostava de nos contar sobre sua infância e juventude, que vivenciou na capital e da relação muito próxima que tinha com seu pai. Ela falava de suas idas ao Mappin, sempre acompanhada do pai, para saborear o famoso chá que lá era servido. Comentava que andava de carro com o pai, época em que ele era Diretor da Escola Normal Caetano de Campos e, quando ele não estava junto, descia do automóvel alguns quarteirões antes da escola, pois não ficava bem para uma moça andar sozinha com o chofer. Ela gostava muito da companhia do pai e a recÃproca deveria ser verdadeira, pois ela sempre o acompanhava nos saraus realizados por Tarsila do Amaral, onde se reuniam vários intelectuais da época.
Com a recordação dessas histórias, notamos a importância da figura do pai na vida da vovó. SabÃamos que, além de pai extraordinário, fora um grande educador e autor de vários livros escolares. Minhas lembranças e, sobretudo, meu instinto pesquisador me levaram a iniciar a busca e reunião de documentos, fotografias, recortes de jornal , e dos livros didáticos de meu bisavô, principalmente a Cartilha Proença, sobre a qual vovó tanto comentava.
O ponto de partida foi um encontro com minha “tia Janjaâ€, Mariângela Proença Nogueira da Silva Reis, que entregou três livros de autoria de meu bisavô, editados pela Melhoramentos, os quais li com muito interesse, sendo que um texto do Terceiro Livro de Leitura me encantou particularmente, “Os Benfeitores da Humanidade†:
“ 1. Conta-se que estava um dia a plantar uma nogueirinha um velho já entrando em anos. Admirando-se de ver naquela tarefa lhe perguntou alguém que por alà passava:
Ora, dize-me cá, meu velho, quantos anos já viveste?
para mais de oitenta, respondeu êle, mas graças a Deus sinto-me ainda tão forte como se apenas vinte.
Sendo assim, redarguiu o intrometido, quantos anos contas viver ainda, pois agora te vejo plantar uma árvore que por sua natureza só daquà a muitos anos dará frutos?
Ao plantar esta árvore, disse o velho, não penso em quem colherá os frutos. Talvez não seja eu, mas será o meu filho, e se não for o meu filho, será o meu neto. Assim como nossos pais nos legaram as árvores que nós hoje desfrutamos, justo é que também plantemos árvores para que as desfrutem aqueles que vierem depois de nós.
2. Como êste plantador octogenário são os grandes inventores e os grandes cientistas. A sua obra, êles bem sabem, não ficará completa no tempo de sua vida. Que lhes importa , porém? Hoje lançam em terra a semente. Se não chegarem a ver aflorar a plantinha , outros virão para regá-la....(...) Aqueles, os sábios, labutam às ocultas, no silêncio dos seus gabinetes e laboratórios, não esperando mais recompensa que a satisfação de haverem lutado por um ideal. Se sua obra não ficar terminada, paciência...Outros hão de vir para completá-la.
Um invento ou uma descoberta nunca é obra de um só homem ou uma só geração.(...) É que as coisas de valor não se conseguem sem trabalho, perseverança e sacrifÃcio!â€
O segundo passo foi uma visita à própria editora, juntamente com meu primo Luiz Cesar de Proença, quando vimos todos os livros que Antonio Firmino de Proença tinha publicado.
Depois disso minhas irmãs, meu primo e eu viajamos para Sorocaba, Piracicaba , Pirassununga , São Carlos e Campinas, cidades onde nosso bisavô havia morado e trabalhado e encontramos vários documentos.
Nosso desejo sempre foi materializar as informações e documentos encontrados sobre nosso bisavô numa publicação em sua homenagem, o que só começou a se concretizar após o apoio e a dedicação da famÃlia , o encontro com o editor da Melhoramentos e o contato com a organizadora do livro, indicada pela própria editora, um projeto de cunho coletivo que ora temos o prazer de ver concluÃdo, graças aos esforços de todos.
Agradeço meus familiares que participaram desta publicação, professores, funcionários da Editora Melhoramentos incluindo o Sr. Walter Weiszflog , das Escolas Normais , dos Arquivos Públicos e das Bibliotecas, que nos receberam nas cidades que visitamos, quando estávamos à procura de documentos sobre nosso bisavô, e aos meus amigos, grandes incentivadores.
Agradecimentos Especias: Fernando José Marques Junior., autor da Capa ; Luiz Henrique Miranda, assessor de imprensa da famÃlia; Sra. Silvana Pereira de Oliveira e do Sr. Lucas de Sena Lima, por parte da Editora Porto de Idéias; aos meus tios Ivanhoé Proença Nogueira da Silva e Mariângela Proença Nogueira da Silva Reis, que relembraram fatos importantes da vida do avô Antonio Firmino de Proença; ao meu cunhado e consultor JurÃdico Eduardo Simões Neves; à s minhas irmãs Maetê Nogueira da Silva Diniz Neves e Anaà Nogueira da Silva Diniz ; aos meus primos : Luiz Cesar de Proença , Sônia Maria de Proença Cury, Ana Lúcia Proença Gianico, Rubens Proença , David Cury , Maitê Proença , René Augusto Proença e aos primos “Nogueira da Silva†de Poços de Caldas e Fortaleza, por fazerem parte do resgate da trajetória de um nome : PROENÇA.
Inaiá Nogueira da Silva Diniz
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