Crise não se contorna, se enfrenta

Por Eduardo Nascimento

Sejamos realistas e objetivos: a população adulta do Brasil, uns mais, outros menos, já passou por um número considerável de crises. Não me refiro, é evidente, às crises existenciais ou aquelas próprias das relações interpessoais, que são prosaicas, comuns e parte integrante da vida. Falo das crises econômicas, muitas delas resultantes de erros cometidos pelos políticos na forma de governar e administrar o ordenamento da sociedade. Quem não se lembra das sucessivas crises do petróleo, a partir de 1967? Ou da crise permanente entre as nações, por razões ideológicas, religiosas, étnicas e econômicas? Entre nós, quer crise mais aguda que aquela presente nos anos de inflação galopante? Salários derretendo, ciranda financeira, capital especulativo se sobrepondo à produção de bens?

Hoje nos deparamos com uma crise de grande magnitude, que extrapola fronteiras e impacta todas as nações, em maior ou menor grau. É cedo para se ter clareza e dimensão do estrago, mas o fato é que todas as atividades econômicas precisam ser repensadas, redimensionadas, reposicionadas. E no setor de turismo não é diferente. Temos de trabalhar com a perspectiva de retração dos negócios, o que não significa entregar os pontos e caminhar, bovinamente, para o matadouro. Longe disso! Quem se preparar e acreditar na nossa inesgotável capacidade de superação, não só vencerá a crise como despontará, lá na frente, fortalecido. Renovado. Pronto para prosperar, gerar riquezas, reinaugurar e reinventar seu próprio negócio. Temos de acreditar nisso, seja por convicção, seja por necessidade.

Antes da eclosão da crise já estávamos atentos à necessidade premente de os agentes de viagens migrarem de um mundo que deixou de existir para um outro, em permanente transformação. O programa ‘Agente de Viagens do Século XXI’, lançado em 3 de setembro na sede da Fecomercio/SP, constitui iniciativa que traduz o compromisso do Sindetur/SP em contribuir, em interferir proativamente no processo de modernização do agenciamento de viagens. Em parceria com a Abav, Aviesp, Braztoa, Favecc e Fenactur, já realizamos treinamento para quatro turmas, oferecidos em módulos distribuídos em quatro sessões com duração de três horas. Mais de 200 agentes de viagens participaram do programa, que é realizado no auditório da Braztoa. Questões como auto-estima, relacionamento entre agente e cliente, conhecimento aprofundado das necessidades do viajante contemporâneo e estratégias de fidelização são tratadas de forma simples, interessante e objetiva, visando tornar os nossos profissionais verdadeiros consultores de viagens. Mais que isso: mostrando a pertinência, a necessidade e até mesmo o dever de se cobrar pelos serviços prestados. Em 2009, vamos intensificar o ‘Agente de Viagens do Século XXI’, agregando dados de pesquisa que vamos realizar para obter uma radiografia completa e atual do pensamento, dos anseios, dos valores e das expectativas dos nossos agentes de viagens associados. Vamos caminhar unidos, antenados, sintonizados com o nosso tempo. Somos donos do próprio nariz, pensamos grande e rechaçamos o papel de reféns de crise. Feliz 2009!