No primeiro trimestre de 2008, o embarque de brasileiros para o exterior aumentou 51,8% em relação ao mesmo período de 2007, segundo a Anac. Crescimento da oferta de rotas, economia estável e dólar fraco são fatores que, combinados, determinaram esse resultado. Por outro lado, o incremento de vôos no mercado doméstico de janeiro a março foi de 9,4% em relação ao primeiro trimestre de 2007.
A defasagem entre o desempenho das vendas para o exterior e para os destinos nacionais tende a aumentar, se considerarmos a decisão da Anac de liberalizar os descontos tarifários para 12 países da América do Sul. O impacto desta decisão ainda está por vir.
Segundo o anúncio da Anac, feito em 1º de março, a margem de desconto já é 50%, podendo chegar a 80% em junho. E a partir de setembro, está previsto o anúncio da completa liberdade tarifária para os vôos na América do Sul. Tem mais: os técnicos da Anac já estudam a possibilidade de estender a medida aos vôos para a Europa, um mercado para onde, hoje, viajam cerca de 10 milhões de pessoas – para a América do Sul são apenas 4 milhões.
Esses números suscitam a reflexão do presidente da Sindetur-SP, Eduardo Vampré Nascimento, para quem o crescimento das viagens internacionais é positivo, por um lado, porque implica em um volume maior de dólares gastos lá fora e na conseqüente (e desejável) desvalorização do real. Se o real se desvaloriza, nossos produtos exportáveis tornam-se, naturalmente, mais competitivos no mercado internacional, o que é bom para o país.
No entanto, mesmo sem levantar a falaciosa bandeira dos que bradam o chavão contra a evasão de divisas, Nascimento mostra-se preocupado com o risco que se corre de ver estagnado o mercado turístico interno. Afinal, quem opta por viajar ao exterior está, em tese, deixando de viajar para destinos localizados dentro do próprio país, contribuindo para a fragilização da economia do setor no plano interno.
Para discorrer sobre o tema e abordar os paradoxos aparentes e verdadeiros que a questão enseja, recomendamos entrevista com Eduardo Vampré Nascimento, que reúne experiência de décadas como empresário e líder setorial; que não hesita em apontar caminhos e em cobrar, de forma corajosa e responsável, o posicionamento da sociedade civil organizada e das instâncias governamentais.
Eduardo Nascimento é presidente do Sindetur-SP e da Abremar.
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