Questionamentos quanto ao direito de propriedade, indefinições acerca do investimento estrangeiro no setor, demora na implantação do Código Florestal e relações contratuais conflitantes são desafios a serem superados
O agronegócio é o setor da economia brasileira que vem apresentando os melhores resultados nos últimos anos. A despeito de gargalos como infraestrutura logÃstica deficiente, carga fiscal asfixiante, seguro rural ainda tÃmido – para ficar somente em três pontos -, o setor está dando conta do recado.
Entretanto, uma questão – ainda mais básica – tem aumentando os riscos do segmento produtivo: a insegurança jurÃdica. Questionamentos quanto ao direito de propriedade, indefinições acerca do investimento estrangeiro no setor, demora na implantação do Código Florestal e relações contratuais conflitantes – além da conta – em algumas cadeias produtivas são desafios a serem superados.
“Um ambiente jurÃdico transparente e bem definido é primordial para o equilÃbrio das relações, atração de investimentos e consequente avanço socioeconômicoâ€, disse Renato Buranello, responsável pela área de agronegócios do escritório Demarest Advogados, ao Global Agribusiness Forum TV.
Para Buranello, que será um dos palestrantes do GLOBAL AGRIBUSINESS FORUM 2014 (www.globalagribusinessforum.com) - nos dias 24 e 25 de março, em São Paulo (SP) -, o dia a dia polÃtico-institucional-econômico caminha muito mais rápido do que as decisões dos tribunais.
O diretor do departamento JurÃdico da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Francisco de Godoy Bueno, assinala que o ponto nevrálgico da insegurança jurÃdica no PaÃs é a falta de garantia ao direito de propriedade.
“São vários desdobramentos, que vão desde a excessiva relativização dos tÃtulos de propriedade, inadequação dos processos de desapropriação, desrespeito aos direitos adquiridos, dificuldade de regularização das posses tradicionais dos produtores rurais, entre outros pontos.â€
De acordo com Paulo Daetwyler Junqueira, advogado especialista nas áreas ambiental e agrária, da Junqueira & Associados Consultoria, o quadro é mais grave em áreas requeridas por indÃgenas e quilombolas.
Segundo Godoy Bueno e Junqueira, o fortalecimento da segurança jurÃdica passa – obviamente e necessariamente – por reforçar e respeitar as instituições.
Neste aspecto, Godoy Bueno chama a atenção, por exemplo, para o enfraquecimento do Poder Judiciário, na área agrária. “A demora na distribuição da Justiça é, antes de tudo uma afronta ao direito de propriedade, porque se demora anos, décadas para reconhecer o direito deste ou daquele.â€
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