Perspectivas para exportações de etanol para 2013
*Guilherme Nastari
As exportações brasileiras de etanol atingiram o nÃvel histórico de 3,098 bilhões de litros em 2012, expressivo aumento de 57,5% sobre resultados de 2011. A receita gerada somou US$ 2,18 bilhões, ante US$ 1,49 bilhão no ano anterior. Apesar do balanço positivo, o volume exportado só pôde ser alcançado devido ao maior excedente do biocombustÃvel, consequência da fraca demanda no mercado interno associada à recuperação da moagem de cana na safra 2012/13.
A manutenção dos preços da gasolina na refinaria abaixo dos praticados no mercado internacional durante 2012 retiraram competitividade do etanol nas bombas. Em resposta à s polÃticas de controle de preços, o consumo de hidratado somou apenas 7,08 bilhões de litros entre Janeiro e Setembro de 2012, redução de 13,7% sobre igual perÃodo de 2011. Em contrapartida, a quantidade de gasolina A consumida no paÃs totalizou 23,22 bilhões de litros no acumulado do ano, aumento de 19,9%. Desde dezembro de 2010 que o consumo de gasolina A é maior que o consumo total de etanol.
Contribui também para este cenário econômico pouco favorável ao etanol no mercado interno a reduzida mistura de anidro na gasolina, vigente desde Outubro de 2010. Junto ao controle de preços, a menor mistura permitiu que o etanol perdesse espaço na matriz de combustÃveis do ciclo Otto no paÃs. A participação do etanol na matriz do ciclo Otto chegou a 31,7% no acumulado de Janeiro a Setembro, contra média de 37,1% em 2011 e 44,6% em 2010. É a menor participação do etanol na matriz desde 1982.
No mesmo momento em que a baixa demanda interna por etanol criava um excedente exportável do biocombustÃvel, uma severa estiagem na região Meio Oeste dos EUA entre Maio e Agosto fez quebrar a safra de milho. A seca acabou por impulsionar o preço da commodity, fato que refletiu nos preços do etanol americano e impulsionou uma forte demanda por biocombustÃvel importado. O Brasil forneceu 84,19% do total de etanol importado pelos EUA em 2012.
O reajuste de 6,6% no preço da gasolina na refinaria e volta à mistura com 25% de anidro no inÃcio de 2013 aumentam consideravelmente a demanda interna pelo biocombustÃvel, mas não devem prejudicar o crescimento nas exportações. A safra 2012/13 pode ser considerada um perÃodo de recuperação na moagem de cana, com total estimado pela DATAGRO em 535,7 milhões de toneladas, um crescimento de 8,6% em comparação ao ciclo anterior. Para a temporada 2013/14, as estimativas são otimistas, entre 580 e 590 milhões de toneladas de cana, garantindo boa produção de açúcar e etanol.
As perspectivas para exportação de etanol em 2013 são de crescimento de mais de 1 bilhão de litros, dirigido basicamente para o mercado norte americano. Este movimento reflete a mudança ocorrida em 2011, com abertura para exportação de biocombustÃveis aos EUA, inclusive com prêmio para o produto brasileiro. Há ainda que considerar a meta de utilização progressiva do etanol na matriz energética americana em 20% até 2022, um salto extremamente significativo em vista do volume de combustÃveis que o paÃs consome. A DATAGRO projeta exportações de etanol em 2013/14 em 4,1 bilhões de litros.
*Guilherme Nastari é mestre em agroenergia e diretor da DATAGRO.
|