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Artigo - Setor açucareiro em recuperação no Brasil

Setor açucareiro em recuperação no Brasil

Plinio Nastari

Superada a tormenta causada pela crise financeira de 2008/09, o setor de açúcar e etanol passa por um dos períodos mais longos de bons preços, e possibilidade de recuperação de margens, das últimas décadas.

Em fevereiro deste ano o preço mundial do açúcar superou os 30 centavos de dólar por libra-peso no mercado de Nova York e, apesar de rapidamente testar os 13 centavos em maio, na semana passada o contrato futuro de vencimento mais curto superou os 33 centavos.

Nos últimos dias, os preços sofreram uma correção, mas ainda permitindo a geração de margens confortáveis.

O mercado tem oferecido amplas oportunidades de fixação de preços razoavelmente acima dos custos de produção, com elevada liquidez, e sem os limites impostos por compradores para fixações por prazos mais longos, como ocorreu no ano passado por conta de limites de credito para cumprir chamadas de margem em Bolsa.

Os preços tem-se mantido remuneradores por conta de fundamentos construtivos, pela apreciação das commodities em geral, e pela depreciação do dólar.

Os fundamentos tem sido influenciados por clima adverso que gerou redução nas estimativas de produção da Rússia, União Européia, Brasil, Paquistão, Argentina, Ãfrica do Sul, Indonésia e Austrália.

Os estoques mundiais continuam baixos, com a relação estoque-consumo se mantendo em 10/11 no mesmo nível do ano anterior, de 33,5%, bem abaixo dos 44,8% observados em 2007/08.

O superávit mundial, estimado pela Datagro para 10/11 em apenas 1,8 milhão de toneladas, trás pouco alívio a um mercado que precisaria injetar mais de 5 milhões de toneladas para recuperar estoques em grandes países consumidores como Estados Unidos, México, Rússia, Paquistão e Indonésia.

O Brasil vive um bom momento pois, apesar do impacto adverso causado por um 2010 atipicamente seco, utilizou toda sua capacidade para aumentar a produção de açúcar em quase 6 milhões de toneladas, ou 18,1%, ao mesmo tempo em que aumentará a produção de etanol em 4,25 bilhões de litros, ou 16,6% sobre o ano anterior. A produção adicional de açúcar foi rapidamente absorvida pelo mercado mundial, quebrando recordes mensais de exportação que superaram 3,3 milhões de toneladas.

Nas próximas semanas e meses, a volatilidade do mercado deve estar relacionada a apostas sobre qual a extensão da entressafra no Brasil, que poderá ou não ser mais longa que o normal dependendo da velocidade com que forem recuperados os canaviais afetados pela seca de 2010.

Muita atenção será dada ao tamanho da próxima safra que dependerá de fatores como falhas na rebrota dos canaviais, e extensão do programa de reformas a ser implantado a partir de janeiro.

Em paralelo, estará sendo monitorado se os atrasos de moagem verificados nas províncias de Maharashtra e Uttar Pradesh na Ãndia serão recuperados antes de voltarem as monções em meados do ano que vem.

Plinio Nastari é presidente da Datagro Consultoria.


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