Segue discurso na íntegra da Prefeita Marta Suplicy no lançamento da LACIME 2004, realizado em São Paulo, nesta segunda-feira, dia 1 de setembro

É com grande satisfação que saúdo a todos que, com sua presença, darão novo patamar aos encontros promovidos neste evento.

A quarta maior cidade do planeta tem vocação para receber e promover a integração latino-americana. Somos uma cidade de muitos povos e influências, nosso ambiente é cosmopolita.

São Paulo é considerada um coração financeiro do Mercosul, com as empresas que formam o centro tecnológico da América do Sul. A cidade tem uma feira de negócios a cada quatro dias. Das 154 maiores feiras e exposições do Brasil, 109 são realizadas em São Paulo, todo ano.

Nossa renda per capita é 40% maior que a média brasileira. A cidade tem 11,7% do poder de consumo do país. Mas nossas desigualdades são gritantes como nosso peso econômico, temos metade das favelas brasileiras e uma população abaixo da linha de pobreza maior que os habitantes de muitos países.

Nós decidimos enfrentar o desafio de recuperar a imagem de São Paulo. A idéia que muitos tinham da cidade, e que chocava os visitantes, era a da corrupção e da ausência de autoridades e falência dos serviços e equipamentos.

Apesar de todas as dificuldades econômicas, decidimos dar início a uma gestão que priorizasse o atendimento às demandas sociais de nossos habitantes.

Mudaram a imagem da nossa cidade tanto a moralização e transparência da gestão pública como a realização de investimentos em serviços básicos. Mas também a adoção de um dos maiores, senão o maior, programa social urbano do mundo.

A importância da cidade é percebida internacionalmente. Por exemplo, a revista Latin Trade fez uma pesquisa e São Paulo foi escolhida neste ano a melhor cidade para investimentos na América Latina, e o Anhembi o melhor centro de eventos.

A Comunidade Européia fez uma votação sobre as cidades mais dinâmicas do mundo. O primeiro foi com Xangai e o segundo com São Paulo

Uma pesquisa recente com os 500 maiores empresários de 11 países deu, com 23,5% dos votos, São Paulo como a melhor cidade para negócios.

O impacto do turismo é enorme. Nós temos visitantes do interior de São Paulo, de outros municípios e países. São Paulo sempre foi o coração do Brasil, mas agora é um coração que está pulsando mais rápido.

Colocar a cidade nessas preferências é uma somatória de iniciativas, não é fruto de uma ação só.

Apesar dos problemas ainda por resolver e da agitação, típicos de uma grande metrópole, a mudança de imagem está ancorada na política do governo municipal comprometida com a recuperação da infra-estrutura urbana, o estabelecimento de parcerias, o desenvolvimento econômico, a justiça social e a cidadania para todos.

Esta administração municipal buscou criar novos laços na América Latina. Temos uma relação muito próxima às cidades da região, em particular com as do Cone Sul, reunidas em Mercocidades.

Mantemos convênios de cooperação direta com cidades como Buenos Aires, Montevidéu e Havana, em projetos sobre gestão pública. Na Urbis 2003, megaevento de municípios, que promovemos em São Paulo pelo segundo ano consecutivo, estreitamos os laços com cidades latinas.

Somos membro da União de Cidades-capitais Ibero-americanas. Integramos a Federação Mundial de Cidade Unidas, ocupando a vice-presidência para a América Latina.

Recentemente, fomos escolhidos por quatro eventos importantes. Um em outubro, que é o Congresso da Internacional Socialista, que nunca veio para a América Latina e escolheu São Paulo. O último congresso desse tipo ocorreu em Paris e tive a honra de estar presente. Ali estavam personalidades como Tony Blair e Lionel Jospin.

Os outros eventos que São Paulo vai sediar são o Fórum Mundial de Educação, que era em Porto Alegre junto com o Fórum Mundial, e havia ido para a Índia.

O outro é o Fórum Mundial de Cultura e o mais importante deles é a UNCTAD, em julho do ano que vem, que é um seminário da importância do ECO 92, para discutir as questões da pobreza e é da ONU. Serão 4.900 delegados em níveis ministerial e presidencial em São Paulo.

Neste início de milênio, atravessamos um momento de profundas mudanças no cenário mundial. Vivemos mudanças significativas, resultantes da globalização.

Há hoje uma circulação mais rápida e barata de informações, que viabiliza transações comerciais e financeiras instantâneas. Eles geram expectativas de melhores padrões de consumo e de qualidade de vida. No entanto, esses padrões não ocorrem.

Sem os programas, a taxa média de desemprego na cidade seria três pontos percentuais acima do índice de 20% de desempregados, o que significa 120 mil menos desempregados na cidade.

Caiu a violência nos distritos atendidos e os índices sociais melhoraram. Só no ano passado, houve queda de 10% no número de mortes violentas. Caiu quase a metade a evasão escolar nos 13 primeiros distritos beneficiados. E cresceu em 11,2% a arrecadação de impostos locais.

Os Centros Educacionais Unificados abrem um novo mundo para as crianças e a comunidade mais pobre, da periferia de São Paulo, com um projeto que une educação e inclusão social.

É um projeto tão impressionante que encheu os olhos do prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, que já chefiou o Banco Mundial e foi conselheiro da presidência dos Estados Unidos.

Serão 21 CEUs até janeiro, com escola até o ensino fundamental e um complexo com teatro, biblioteca, quadras e piscinas aberto à comunidade. É um banho de dignidade, de inclusão social e estímulo à solidariedade entre os povos.

Tenho certeza que a importância da integração, da solidariedade e da proteção de valores culturais e econômicos estará refletida neste evento que está sendo lançado hoje.

Este evento vai mostrar ao mundo corporativo as nossas riquezas culturais, os nossos destinos em comum e os mais variados empreendimentos, como os que envolvem o turismo e os sistemas corporativos. E, assim, um espírito de quem vê mais longe supera os interesses imediatos será vislumbrado em cada encontro aqui realizado.

Por isso, sejam muito bem-vindos a São Paulo.

Muito obrigada a todos.

Marta Suplicy, Prefeita de São Paulo