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Declarações de Serginho Herval (baterista e vocalista)
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Declarações de Serginho Herval (baterista e vocalista)

A identidade da banda

Só se consegue uma “identidade” de banda, quando todos os integrantes pensam em prol do melhor pro grupo e não de forma individualista. Quando nos reunimos para fazer algum arranjo, sempre opinamos de uma forma democrática. Todos têm liberdade de expressão no que tocam, cantam ou escrevem. Apenas costumamos nos aconselhar uns com os outros e, assim, procuramos chegar a um resultado que agrade, se não a todos, pelo menos a maioria.

Convivência

Manter uma banda por tanto tempo junto e ainda com a mesma formação torna-se uma tarefa quase que impossível se o grupo não procura valorizar a sua carreira como banda e não como valores individuais. A nossa relação pessoal é baseada em demarcações de terreno, ou seja, cada um sabe até onde pode ir nas suas opiniões sem que tenhamos que ferir uns aos outros. Pelo fato de convivermos há muitos anos juntos, pelo menos, 12 horas por dia, acabamos aprendendo a administrar a nossa relação pessoal.

Receita da longevidade da banda

Se existe algum tipo de receita, eu diria que nunca nos deixamos influenciar por estilos musicais que estivessem em evidência, na moda. Pelo contrário, procuramos sempre caminhar no sentido inverso ao modismo, buscando manter a nossa “identidade” sonora, independente se aquela canção faria ou não sucesso. Correr atrás de sucesso, muitas vezes, acaba te levando a uma falsa identidade e isso é muito perigoso até hoje. Creio que isso nos fez mostrar ao nosso público uma verdade, uma sinceridade no que fazemos até agora e eles perceberam.

Fidelidade dos fãs de 3 gerações

A partir do momento que você mostra pro seu público, que lhe segue desde o início, a sua verdade, eles acabam se tornando mais fiéis a você e, com essa atitude, acabam convencendo a outros fãs que ainda não nos conheciam. Depois de 30 anos, atravessando diversos modismos e estilos musicais, é natural que a sua música, também, acabe atravessando gerações. Hoje podemos dizer, sem modéstia alguma, que já estamos tocando para nossa 3a geração de fãs. E acredito que qualquer artista “mundial” queira estar nesse momento, chegar nesse ponto.

Perspectivas futuras

Primeiro eu acho que o Grammy demorou muito a chegar na nossa vida, mas como tudo que conquistamos até aqui veio de forma muito lenta (mas sólida), não posso me queixar. Quando se constrói uma carreira sólida de 30 anos não podemos nunca achar que o nosso trabalho terminou, ou seja, missão cumprida. Não é assim que o Roupa Nova pensa. Em vários momentos da nossa história nos deparamos com grandes vitórias e conquistas, mas nunca nos demos por satisfeitos. Sempre há algo a se buscar, a se criar.

Canções como trilha de novela

O fato de se ter uma canção numa trilha de novela é extremamente importante, mas, depois de 30 anos de carreira, isso deixa de ser fundamental e passa, apenas, a ser prazeroso. Quando uma novela faz sucesso, ela pode alavancar a sua música. Em compensação, quando uma novela naufraga na audiência, a sua canção também sente o peso da derrota. Nem sempre uma musica em novela é sinônimo de sucesso. Tudo depende de uma série de fatores, a saber: um bom personagem, um bom enredo, uma boa música, uma boa letra, uma boa interpretação da canção e, ainda, um bom horário de exibição.

Caminhada solo

Desde 2002 vínhamos tentando, junto à gravadora, a realização do projeto Roupacústico. Foram inúmeras reuniões que de nada serviram, baseado no investimento que teria que ser feito. Diante dessa situação, que já se arrastava por 2 anos, decidimos pedir a nossa rescisão contratual. Acordamos tudo de forma correta e partimos pra nossa caminhada “solo”. Viramos 6 empresários de um selo, até então, desconhecido. Ficamos respirando esse oxigênio por muitos meses até conseguirmos colocar, no mercado, a nossa marca com credibilidade. Tem sido assim desde 2004. E o que mais nos honra é que o Grammy foi concedido a nós pelo trabalho realizado dentro do nosso próprio “terreno”, ou seja, concedido a um projeto, totalmente, idealizado dentro da nossa humilde verdade e independência sem a interferência das “multinacionais”. O resumo dessa história é: o trabalho e a responsabilidade triplicaram, mas o sabor e o prazer da vitória são incontestáveis.

Internet e direitos autorais

Acho que a internet, de uma maneira geral, vem ajudando e muito a todos os artistas brasileiros e internacionais. Atualmente os métodos usados para divulgação dos trabalhos têm tido um ótimo resultado. Não sei se o formato de se vender música através da internet já foi encontrado, mas creio que, num futuro muito próximo, isso tudo estará mais resolvido. Que as redes vieram pra ficar ninguém duvida, mas ainda precisamos caminhar muito até um resultado mais padronizado, mais acessível.

O assédio dos fãs

O nosso relacionamento com os fãs se dá de forma muito sadia e descomplicada. Não somos aquele tipo de artista que foge dos fãs, apenas tentamos, de forma sincera, nos colocarmos disponíveis pra eles quando a situação está favorável e demonstramos, também de forma simples, quando a situação está desconfortável pra nós, tipo, hora do almoço, chegada e saída do local do show (quando o mesmo não apresenta qualquer segurança pra nós) e etc... Mas eles, na grande maioria, sempre entenderam e forma simpáticos a nós.

Uma escola de vida

Um dia eu creio que o Roupa Nova será lembrado como uma escola de vida, como uma empresa sólida que sempre acreditou na sua verdade, independente de criticas e acusações insensatas.

Só convivendo um pouco com os 6 integrantes, juntos durante algum tempo, para entender o que eu escrevi nesse parágrafo. Para refletirem...

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