Em 2012, segundo o IBGE, o Brasil tinha 13,2 milhões de analfabetos com mais de 15 anos, ou 8,7% dessa população, com o agravante de esse contingente ter crescido em relação ao ano anterior.
Também em 2012, conforme divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, os analfabetos funcionais – aqueles que, embora sabendo escrever e ler um bilhete, um recado, não têm competência de escrita, leitura e cálculo necessária para interagir no trabalho, nas associações, na política etc. – chegam a ser em vastas regiões do Brasil mais de 30% da população e, pasmem, correspondem a 38% dos universitários brasileiros, quando em países como a Suécia, o analfabetismo funcional não atinge 10%.
Porém, lembrando que a palavra analfabeto originalmente significa quem não sabe usar as letras, haveria alguém verdadeiramente alfabetizado em Português? Essa pergunta foi feita a uma selecionada plateia de centenas de delegados dos países lusófonos, na “Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial”, promovida pelo Ministério das Relações Exteriores e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Embora ali se encontrasse a nata da nata dos conhecedores da língua, todos sorriram e mudamente concordaram que não sabiam usar as letras.
A incompetência é de todos nós, ou das regras mal elaboradas? Realmente são muitas as dúvidas, quer relacionadas ao h inicial, quer ao j e g, ao s e z, ao hífen e assim por diante..., que fazem cada usuário da língua titubear e ir atrás do dicionário na hora de escrever. As regras que hoje se ensinam estão repletas de exceções, de situações inexplicáveis e ilógicas, e são responsáveis por um descontentamento generalizado, tanto no Brasil (responda sinceramente: - Você, leitor ou leitora, entende nossas regras ortográficas?), quanto em Portugal, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Goa, onde quer que se escreva em Português.
Esse descontentamento generalizado provocou em Portugal a edição de um importante livro intitulado “Vogais e consoantes POLITICAMENTE INCORRECTAS do acordo ortográfico”, em que o brilhante escritor e jornalista Rui Correia apresenta o resultado de minuciosa pesquisa, pela qual demonstra que a ortografia não pode ficar como está e, inclusive, faz referências elogiosas ao movimento brasileiro Acordar Melhor.
Aliás, parabéns ao Acordar Melhor, por ter atingido seu objetivo com a recente criação de um Grupo de Trabalho na Comissão de Educação, Cultura e Esporte, do Senado Federal, para simplificar e aperfeiçoar as atuais regras ortográficas, que, além de tudo, nos trazem prejuízos internacionais. Recentemente, de 40 gestores de uma multinacional europeia, que se mudariam para a América do Sul e teriam que aprender uma segunda língua, 32 escolheram o Espanhol e apenas 8, o Português, porque a ortografia espanhola é mais fácil que a nossa.
Como um passo à frente nesta nossa luta, está prestes a ser lançado o
www.simplificandoaortografia.com, sem o br, para agregar sugestões simplificadoras dos lusofalantes de qualquer país, mas, antes disso, que tal, agora mesmo, você acessar o
www.acordarmelhor.com.br, participar do abaixo-assinado e divulgá-lo ao máximo? Você já fortalece o novo site internacional, pois ele herdará as atuais assinaturas do nacional.
Outra boa e auspiciosa notícia é a criação do Centro de Estudos Linguísticos da Língua Portuguesa – Cellp, vinculado à Academia de Letras de Brasília, que também apresentará e receberá propostas ortográficas simplificatórias, destinadas a permitir uma educação básica mais eficiente e capaz de assegurar e ampliar a inclusão social e internacional de nossos povos e países.
Ernani Pimentel*
*Linguista, Professor, Escritor, Conferencista.