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Artigo - Plinio Nastari

ATÉ A FAO CRITICOU O BRASIL PELA REDUÇÃO DA PRODUÇÃO, MAS A SECA É UM FATOR QUE FOGE AO CONTROLE DOS PRODUTORES

Enquanto o clima extremamente seco no Brasil deve fazer a produção de açúcar deste ano -Centro-Sul mais Norte-Nordeste- cair para 34,9 milhões de toneladas (38 milhões em 2010), o clima também tem levado a resultados mistos em outros países, não oferecendo compensação satisfatória para a perda registrada em nosso país.

Até a FAO (braço da ONU para a agricultura e a alimentação) chegou a criticar o Brasil pela redução da produção, no momento em que os estoques mundiais continuam pressionados, sem compreender que é uma condição fora do controle dos produtores.

O México também sofre com a estiagem, tendo postergado o início da safra em um mês, para novembro. Já se prevê queda de 30% nas exportações de açúcar em relação ao ano anterior, quando foram produzidos 5,18 milhões de toneladas (1,3 milhão exportadas). O principal cliente, os EUA, também não tem apresentado perspectivas de recuperação na produção, e, caso esse cenário se confirme, é certo que deverá anunciar cotas adicionais de importação.

Dentro desse quadro, a Colômbia é um dos países com expansão mais promissora. A moagem alcançou 15,4 milhões de toneladas de cana até agosto -aumento de 13% sobre igual período do ano anterior. Estima-se que o país produza 2,25 milhões de toneladas de açúcar em 2011, 8,3% mais do que em 2010.

As exportações atingiram 595 mil toneladas, volume 33,7% superior ao de 2010, mas ainda insuficiente para compensar as perdas registradas no Brasil.

Na Austrália, que conta com 28 usinas em operação, metade delas planeja encerrar suas operações já neste mês por falta de matéria-prima. Estima-se que 28,5 milhões de toneladas de cana sejam esmagadas em 2011/12, ante 33 milhões de toneladas no ano anterior.

Apesar do recuo na disponibilidade de cana, fruto das fortes chuvas em 2010 e início de 2011, a produção australiana deve subir modestamente de 3,6 milhões para 3,8 milhões de toneladas em 2011/12, pela melhora na concentração da sacarose na cana-de-açúcar.

No Brasil, a recuperação dos canaviais deve levar três a quatro anos, mas abre a oportunidade de implementar uma maior harmonização das variedades de cana disponíveis e os diferentes ambientes de produção agrícola, melhorando a produtividade agroindustrial. A indústria brasileira já deu mostras de sobra de sua competência em superar reveses, e agora é apenas uma questão de tempo até que a produção de cana, de açúcar e de etanol volte ao normal.

PLINIO NASTARI é mestre e doutor em economia agrícola e presidente da Datagro Consultoria.


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