Mesa Redonda discute legado da Olimpíada 2016
Com moderação do presidente da ABAV Nacional, Edmar Bull, o debate reuniu nomes de peso do turismo nacional que tiveram papéis relevantes no contexto de megaevento, realizado no Rio de Janeiro. Falamos de Jun Alex Yamamoto (MTur); Vinícius Lummertz (Embratur); Nilo Félix (CNC); Manuel Gama (FOHB) e Paulo Kakinoff (Gol). Em resposta ao tema “O legado da Olimpíada Rio 2016: uma oportunidade perdida ou uma grande oportunidade para o turismo do Brasil?”, os debatedores concordaram, integralmente, num ponto: o Rio de Janeiro herdou um problema (equipamentos remanescentes da Olimpíada), mas um problema positivo que, com o tempo, será transformado em solução e vetor de desenvolvimento.
Manuel Gama lembrou que o número de apartamentos do receptivo carioca dobrou, saltando de 29 mil para 60 mil unidades habitacionais. “Temos de trabalhar em conjunto com a Embratur e a iniciativa privada, pensando na perspectiva real de que o Brasil vai sair da crise e voltará a crescer. O legado do Rio será fundamental para se conciliar turismo de lazer e de negócios, numa escala muito maior”. Lembrou que a Olimpíada teve de enfrentar uma conjuntura econômica e política desfavorável e o desafio foi vencido.
Paulo Kakinoff afirmou que “a Gol acredita no potencial do Rio de Janeiro. Hoje é o nosso segundo ‘hub’ mais importante. Os investimentos feitos vão ser essenciais para atrair mais turistas para a cidade”. Diz que, no seu ponto de vista, o Rio foi muito bem vendido, a despeito de um certo ceticismo da mídia e do brasileiro em geral sobre o sucesso do evento.
Por sua vez, o secretário do Turismo do Estado do Rio de Janeiro, Nilo Félix, disse que a cidade ganhou todas as condições para receber um número muito maior de turistas a lazer e a negócios. “Temos que lutar pela liberação do visto de entrada de turistas estrangeiros no Brasil e, ao mesmo tempo, colocar a cidade do Rio de Janeiro na prateleira das agências de viagens”.
O presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, afirmou que “hoje o Rio tem um potencial turístico triplicado. O megaevento rejuvenesceu o produto turístico carioca, que havia envelhecido. O Rio, do ponto de vista turístico, foi repaginado”. No entanto, assinalou que o Estado enfrenta questões de macroeconomia, relacionadas com a queda de ativos como os de derivados de petróleo. “O fato é que o país já gastou recursos para realizar a Olimpíada – agora temos de saber usar o legado”, pondera. Acrescentou que é necessário apoio governamental e que os políticos precisam entender, melhor, o significado do turismo para alavancar a economia do país. Isso exige um discurso novo.
O diretor do MTur, Jun Alex Yamamoto, sentenciou que “o mundo aprendeu que o Brasil é capaz de realizar grandes eventos. Também mudou a percepção sobre o nosso país, descartando velhos estereótipos para levar em conta, por exemplo, que somos uma grande indústria aeronáutica”. Para ele, ao vencermos o desafio político, os entraves econômicos também serão superados.
Ao final, os debatedores foram unânimes em reconhecer a gestão competente de Edmar Bull à frente da ABAV Nacional, especialmente a realização do evento maior do turismo latino-americano com sucesso. Vinicius Lummertz considerou, de forma didática, que “Edmar organizou e viabilizou a 44ª ABAV Expo ‘de morro acima’ – de ‘morro abaixo’, todos sabemos, é fácil”, numa alusão às turbulências políticas e econômicas. Finalizou lembrando que o Brasil abriu sua economia há muito pouco tempo. “Ainda estamos engatinhando na internacionalização da nossa economia. Precisamos abrir o país em todos os níveis, abandonar a xenofobia. E nesse ponto, o turismo pode contribuir muito”.